sexta-feira, 30 de abril de 2010

Estudo sobre trabalho doméstico recebe menção honrosa no Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero

Nas últimas décadas ocorreram profundas mudanças em relação às mulheres. Elas conquistaram direitos, liberdade sexual e continuam a buscar cada vez mais espaço no mercado de trabalho. O novo cenário gerou impacto na estrutura social em diversas áreas, mas uma questão parece ter parado no tempo: a ocupação doméstica. Este foi o tema do artigo ´Por que o trabalho doméstico não é considerado trabalho?`, de Soraia Carolina de Mello, pesquisadora do Laboratório de Estudos de Gênero e História (LEGH), ligado ao Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC. O objeto de estudo – o feminismo da chamada segunda onda feminista, mais especificamente do Cone Sul – é analisado através de quatro revistas: as argentinas Brujas (a partir de 1983) e Persona (a partir de 1974), e as brasileiras Brasil Mulher (1975-85) e Nós Mulheres (1976-78). Soraia afirma que é difícil avaliar porque o trabalho doméstico não evoluiu, mesmo sendo discutido desde a década de 70.

“Ao mesmo tempo em que podemos acompanhar grandes mudanças no que se refere aos comportamentos tradicionais, podemos ver também, com o passar dos anos, como alguns comportamentos se mantêm, ou se reinventam. O trabalho doméstico é provavelmente um dos campos onde as desigualdades de gênero são mais marcadas, e talvez por isso as dificuldades em modificar a situação”, acredita.

O artigo também trata da falta de valor dessa atividade. A revista Persona afirma que essa desvalorização é decorrente do fato de não resultar em algo que se venda ou se compre, que gere dinheiro. “Na década de 1970 havia uma tendência geral em tentar compreender as sociedades a partir de preceitos econômicos, e essa tendência, aliada a teorias marxistas que circulavam entre os grupos feministas, nos ajuda a entender a tentativa de se explicar a submissão do trabalho doméstico e das mulheres como uma subordinação econômica”, afirma Soraia.

A autora também discute o comportamento “natural”, a aptidão “nata” das mulheres para exercerem cargos domésticos. “A ocupação doméstica não é vista como trabalho, por mais cansativa e por mais tempo que tome, porque sua jornada não tem fim. Mesmo feministas engajadas na luta pela igualdade acabam assumindo para si as obrigações domésticas”, lembra a pesquisadora. Soraia acredita que esta “lógica do dom” é uma construção sócio-cultural. “O esforço dos feminismos que observo em minha pesquisa é exatamente apresentar essa construção para desnaturalizar as funções domésticas femininas, buscando a divisão de trabalho nos lares e sua valorização”.

A autora acredita que o trabalho doméstico terá seu valor reconhecido, mas para isso acontecer são necessárias transformações sociais e culturais na imagem tradicional do que é ser mulher, nas relações de gênero, nos costumes nos lares. É também preciso políticas públicas de apoio à socialização do trabalho doméstico e uma legislação que realmente possibilite iguais oportunidades a homens e mulheres.

O artigo premiado é resultado de sua pesquisa de mestrado no Programa de Pós Graduação em História e recebeu menção honrosa na 5ª edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero. O concurso nacional promovido pelo CNPq em parceria com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres premia redações e artigos científicos que abordam as temáticas de relações de gênero, mulheres e feminismo.

“É sempre importante ter seu trabalho reconhecido, ainda mais quando ele traz questões políticas que você considera relevantes. Também acho importante pelo fato de dar visibilidade ao grupo de pesquisa do qual faço parte, o qual realiza um trabalho realmente grande e cuidadoso”, comemora Soraia.

Mais informações pelo e-mail ufsc.legh@gmail.com / 3721-9606

Por Fernanda Burigo / Bolsista de Jornalismo na Agecom 

Fonte: http://www.ufsc.br/

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O amor em tempos de HPV



Produção do Núcleo de Divulgação do Programa de Oncobiologia (vinculado ao Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ) para prevenção dos tipos de câncer relacionados ao HPV (Vírus do Papiloma Humano). A animação foi feita com a técnica de Stop-motion em massinha. Mais informações no site www.oncobiologia.bioqmed.ufrj

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Conae: Livros didáticos e escolas terão de incluir temática LGBT

Simone Harnik
Em Brasília
Os temas sobre orientação sexual e homossexualidade terão de aparecer nos livros didáticos e nas salas de aula. Pelo menos, foi essa a decisão da Conae (Conferência Nacional de Educação), que acontece em Brasília até amanhã (1º).

Segundo o presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), Toni Reis, o movimento LGBT está satisfeito com a conferência. “Saímos vitoriosos. Se o país cumprir o que foi aprovado, a homofobia na escola está com os dias contados”, afirma.
A Conae pretende traçar diretrizes para a educação do país, que podem ser incorporadas no Plano Nacional de Educação. É este plano que define o que será prioridade no ensino brasileiro nos próximos dez anos.

Além da presença nos livros escolares, a temática LGBT deverá ser ensinada nas faculdades e cursos de formação de professores. Além disso, de acordo com Reis, a conferência definiu que o livro didático não poderá ter conteúdos que discriminam homossexuais. “É o fim das piadas sobre gays nos livros”, diz.
Propostas LGBT na conferência

O movimento LGBT levantou três propostas na Conae: o fim da homofobia na escola; que travestis possam usar o nome feminino nas salas de aula; e que a discriminação a homossexuais seja considerada crime no Brasil. “Hoje temos uma preocupação especial com a situação das travestis, que são as que sofrem mais discriminação na escola”, acrescenta.

Segundo Reis, entidades nacionais apoiaram os projetos, entre elas a CUT (Central Única dos Trabalhadores), a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) e a Fasubra (Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras).

Agora a ABGLT pretende utilizar a decisão da Conae como uma referência para pressionar por mudanças. “Queremos avaliar, monitorar, e acompanhar de forma propositiva as políticas públicas”, diz Reis.
Fonte:UOL Educação