quinta-feira, 8 de março de 2012

UFSC e UDESC convidam comunidade a vestir roxo no Dia da Mulher er

O Instituto de Estudos de Gênero (IEG), o Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS), o Núcleo de Antropologia Audiovisual (Navi) e o Laboratório de Estudos de Família e Gênero (Labgef) convidam estudantes, professores e servidores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) a participarem de um manifesto visual coletivo em comemoração ao Dia Internacional da Mulher – 8 de março. A ideia é vestir roxo ou lilás para marcar este dia de luta pela igualdade de mulheres e homens.
Na UFSC, durante toda a quinta-feira, o hall do Centro Filosofia e Ciências Humanas (CFH) estará decorado com balões e faixas roxas. Também haverá apresentação musical com repertório temático relativo a questões de gênero durante o intervalo das aulas e exposição fotográfica na Galeria da Ponte. A mostra “100 Anos de Torcida: a presença feminina nas arquibancadas de futebol em Florianópolis, ontem e hoje” ficará exposta até 24 de março de 2012. Na Udesc, as atividades ocorrerão na Faed, com a organização do Labgef.
As comemorações, palestras, atividades e manifestações realizadas no dia 8 de março estão vinculadas às reivindicações feministas pelo direito a autonomia e prazer, por melhores condições de trabalho, por uma sociedade mais justa e igualitária para todas e todos. Nosso manifesto neste ano segue a proposta de transformar o mundo pela estética e visa fomentar a discussão e a conscientização de que as políticas públicas são necessárias para a redução da desigualdade, da discriminação, da violência, da violação dos direitos humanos das mulheres e no respeito a seus direitos sexuais e reprodutivos.
Além deste manifesto visual, IEG e NIGS UFSC festejam o 8 de março com uma atividade em parceria com o Bazar Coisas de Mãe no sábado, 10 de março, no Sesc Cacupé, convidando a todos para assistirem e debaterem peça teatral “Retrato de Augustine” no auditório do Sesc Prainha no domingo, 11 de março, com a presença da diretora Brigida de Miranda e elenco.
O NIGS também inicia o ano acadêmico com o lançamento do IV Concurso de Cartazes sobre Transfobia, Lesbofobia e Homofobia nas escolas, buscando problematizar as representações de gênero e sexualidade com jovens de Santa Catarina, atividade integrante do projeto de extensão Papo Sério, que há vários anos vem atuando em escolas públicas da Grande Florianópolis.

Mais informações com Izabela (47) 8814-9347 e http://nigs.paginas.ufsc.br/.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Após cinco anos de segredo, casal inglês decide revelar sexo do filho

Um casal do leste da Inglaterra finalmente decidiu revelar o sexo do filho, após esconder o segredo por cinco anos. A criança, antes apresentada como sendo do "gênero neutro", segundo os pais, Beck Laxton, 46, e Kieran Cooper, 44, é um menino, que tem o nome de Sasha.
Os paiseriam deixar que a personalidade de Sasha se foasse alheia aos estereótipos da sociedade, por isso decidiram não dizer se era um menino ou uma menina. Se referiam ao filho como "a criança" e só deixavam que brincasse com brinquedos de gênero "neutro". A casa em que moram também não tinha televisão.
Nos últimos cinco anos, ora a criança se vestia como um menino, ora como menina, deixando parentes e amigos do casal sem saber qual era o sexo de Sasha. A situaçaõ mudou quando o menino começou a frequentar a escola e ficou mais difícil esconder o segredo.
A mãe de Sasha justificou a decisão de manter o segredo por tanto tempo dizendo que "estereótipos parecem algo fundamentalmente estúpido". Para ela, o gênero influencia a roupa que as crianças usam e com o que podem brincar, ou seja, "molda o tipo de pessoa que elas se tornam.
"Eu só quero que ele preencha todo seu potencial, e eu não o pressionaria em nenhuma direção. Contanto que ele tenha bons relacionamentos e bons amigos, nada mais importa", conclui a mãe.

(Com informações do Daily Mail)
http://noticias.uol.com.br/

domingo, 10 de julho de 2011

Só em caso de emergência



Conhecida no Brasil desde o final da década de 1990, a pílula do dia seguinte não demorou a se popularizar entre os jovens. Mas o que deveria ser uma saída de emergência para evitar a gravidez indesejada depois de ter relação sexual sem proteção, muitas vezes acaba virando uma rotina. A dosagem hormonal desse medicamento equivale a pelo menos sete pílulas comuns.


Para a ginecologista Albertina Duarte, que coordena o Programa de Saúde do Adolescente da Secretaria de Saúde de São Paulo, o uso repetido da pílula do dia seguinte é prejudicial porque provoca uma descarga hormonal muito grande no corpo da jovem. “Ela deveria servir como um dispositivo de segurança, um extintor de incêndio: o ideal é não precisar, mas é bom saber que está ali”, afirma.

A anticoncepção de emergência – nome técnico do método – é indicada em casos de violência sexual, acidentes com o preservativo (a camisinha “estourou” ou não foi colocada direito), com o deslocamento do DIU ou do diafragma. Ela deve ser tomada logo depois da relação sexual desprotegida, de preferência nas primeiras 12 horas. Ainda faz efeito se tomada até cinco dias após a relação, mas a eficácia diminui. Quanto mais cedo, melhor.

Segunda-feira é o dia

A pílula do dia seguinte não substitui um método regular para evitar gravidez indesejada, nem protege contra doenças sexualmente transmissíveis. Segundo estudo realizado pela secretaria de Saúde do estado de São Paulo, mais de 30% das jovens com vida sexual já recorreram à pílula dia seguinte pelo menos uma vez, e muitas tomam repetidas vezes ou até de forma rotineira.

Albertina Duarte destaca a adesão muito rápida de mulheres de diferentes idades ao método, principalmente se comparada à da pílula convencional, que existe há décadas. “Nas segundas-feiras, uma das perguntas mais frequentes do serviço de ligações que tira dúvidas dos adolescentes é ´Transei sem camisinha no fim de semana. Ainda dá tempo de tomar pílula do dia seguinte?´”, conta.

Apesar de o anticoncepcional de emergência ter se popularizado, ainda existem dúvidas sobre como e quando usá-lo. Um estudo da Universidade Federal de Pernambuco mostrou que, em 2006, 27% das jovens do ensino médio daquele estado, entre 14 a 19 anos, já haviam experimentado o método, mas 78% o fizeram de maneira errada. Algumas meninas tomavam o medicamento antes do ato sexual ou ao notar o atraso da menstruação.

Falha é maior que a da camisinha

Conhecer diferentes métodos anticoncepcionais é importante antes mesmo da primeira transa. Assim, os jovens poderão fazer a escolha conhecendo riscos e benefícios. A pílula do dia seguinte também tem possibilidade de falhas. Segundo o Ministério da Saúde, ela tem eficácia média de 75%. Isto significa que pode evitar três de cada quatro gestações. “A chance de falha, especialmente em caso de uso repetido, é maior do que de qualquer anticoncepcional regular, e maior também do que a da camisinha”, explica a ginecologista.

Na sua opinião, o que atrapalha a prevenção regular contra gravidez é o medo da família, da crítica, do julgamento. “Muitas vezes a jovem conta que a camisinha estourou, mas o que estourou foi o tempo: porque houve pressa ou falta de habilidade para botar.”

Albertina Duarte comanda um programa que resultou na redução de 36% na gravidez indesejada de adolescentes em São Paulo nos últimos dez anos.

Parceria e atitude

A visão da ginecologista sobre o tema tem pontos em comum com o de Soraya Fischer, antropóloga da Universidade de Brasília. Para ambas, é preciso conhecer o contexto social e afetivo que cerca as relações se quisermos entender o que estaria levando a esse "último recurso", e não a uma prevenção regular.

A informação sobre o funcionamento do remédio, e até o mecanismo da própria reprodução como um todo, também pode estar sendo mal interpretada. “Será que todas as jovens sabem mesmo como e em que momento se dá a gravidez?”, pergunta a antropóloga.

Ela destaca que nem sempre os medicamentos são usados pela população como esperam os profissionais de saúde e fabricantes, e a pílula do dia seguinte é um exemplo disso. “As pessoas não são sacos vazios onde a equipe profissional de saúde ou os educadores sexuais simplesmente depositam a informação biomedicamente ´correta`. Qualquer informação que chega até alguém sobre saúde vai dialogar com o que ela já sabe ou acredita sobre aquilo.” No caso da saúde sexual e reprodutiva, Soraya Fischer acha importante entender como estão ocorrendo os relacionamentos afetivos e o nível de confiança que há entre os parceiros.

Segundo ela, é possível que as moças estejam incluindo a pílula do dia seguinte na lógica da prevenção, e não da situação extraordinária. Assim, estariam arcando com os riscos.

Albertina Duarte dá outras pistas: “A jovem fica sozinha nessa decisão sobre prevenção, pela falta de diálogo com o parceiro, sobre o uso da camisinha, por exemplo. Prevenção é uma questão de parceria e de atitude.”

(Elisa Batalha)

Para saber mais:

Entre dúvidas e desejos

Perguntas mais frequentes (BVS Adolec)

Adolescentes de Pernambuco usam pílula de forma errada

Por que há jovens tomando a pílula do dia seguinte antes da relação sexual?



















segunda-feira, 13 de junho de 2011

Florianópolis terá Marcha das Vagabundas no próximo sábado Evento contra o machismo já ocorreu em vários lugares do mundo

A exemplo do que já ocorreu em vários países e em outros estados brasileiros, Santa Catarina terá sua primeira Marcha das Vagabundas. O evento contra o machismo e a violência será no próximo sábado em Florianópolis.



As Marchas das Vagabundas começaram depois de um policial no Canadá afirmar que as mulheres deveriam evitar se vestir como putas para não serem vítimas de estupros. Mulheres de todo o mundo se revoltaram e começaram a se mobilizar para reverter a cultura de que a culpa nos casos de assédio sexual é das vítimas.



Em Florianópolis, a concentração para a marcha será às 13h de sábado em frente a Praça XV de Novembro, no Centro. O evento, que está sendo divulgado no Facebook, é uma forma de apoiar as canadenses e chamar a atenção para o fato de que no Brasil posturas como essa também existem.



Na rede social a discussão sobre o tema já começou. Muitos são favoráveis ao fato de que mulheres não podem ser julgadas pelo que vestem, mas há quem seja contra o movimento.



Clique aqui e confira como foi o protesto no México:
 http://www.youtube.com/watch?v=s7M0ymh8Zl8

sábado, 14 de maio de 2011

O bê-á-bá para conviver com a diversidade sexual


 MEC cria kit anti-homofobia para combater o preconceito na escola. Por Tory Oliveira. Foto: Eduardo Knapp/Folhapress

MEC cria kit anti-homofobia para combater o preconceito na escola

Depois de discutir com uma colega na aula de Educação Física, Alecks- Batista foi abordado dentro dos muros do colégio particular onde estudava pelo pai da menina. “Ele me chamou de bichinha, viado e aidético”, lembra, que na época tinha 16 anos. A diretoria do colégio de classe média alta de Curitiba, no Paraná, não se manifestou sobre a agressão. “E eu me vi ali sozinho.” Hoje com 20 anos, estudante de Ciências Contábeis e gay assumido, Alecks ainda se lembra da sensação de isolamento, das piadinhas e da discriminação praticada pela maioria dos professores e alunos durante o Ensino Médio. Na sua época de escola, Alecks não era convidado para festas ou para jogos de futebol – na maior parte do tempo, circulava acompanhado apenas de amigas mulheres ou com dois outros colegas, também gays.
A situação vivenciada por Alecks não é exceção – investigações realizadas pela Unesco e também pelas ONGs Reprolatina e Pathfinder demonstram que há forte presença da homo-lesbo-transfobia (discriminação contra gays, lésbicas, transexuais e travestis) dentro das escolas brasileiras. Publicada em 2004, a pesquisa da Unesco revelou, por exemplo, que um quarto dos estudantes entrevistados não gostaria de ter um colega homossexual na mesma sala. De acordo com a pesquisa qualitativa realizada pela Reprolatina em 2009 em 11 capitais brasileiras, evasão escolar, tristeza, depressão e até casos de suicídio são observados entre a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) como consequência de um ambiente escolar homofóbico. “O ambiente escolar é em geral hostil para o exercício da diversidade sexual. Os professores não estão preparados e não têm compreensão maior da sexualidade e da homossexualidade”, explica a pesquisadora responsável pelo estudo, Margarita Díaz.
Diante do quadro, o Ministério da Educação, em parceria com entidades ligadas aos direitos LGBTs, produziu um kit de material educativo que será distribuído oficialmente para os professores de 6 mil escolas públicas a partir do segundo semestre deste ano. O projeto – batizado informalmente de “kit anti-homofobia” – é uma das ações do programa federal Escola sem Homofobia. Polêmico, o assunto já vem causando celeuma, principalmente na internet, onde grupos se manifestam acaloradamente a favor e (principalmente) contra o material, chamado de “kit gay” pelos seus opositores.
O kit
Destinado ao Ensino Médio, o kit é composto de caderno, pôster, carta ao gestor da escola, seis boletins (boleshs) e cinco vídeos. “É um material para a promoção dos direitos humanos, com o objetivo de fazer da escola um espaço de todas as pessoas, onde se possa aprender a conviver com a diversidade”, justifica Maria Helena Franco, uma das coordenadoras de criação do kit de material educativo. Considerado peça-chave do kit, o caderno é um livro de 165 páginas, no qual o educador encontra referências teóricas, conceitos e sugestões de atividades e oficinas para se trabalhar o tema da diversidade sexual nas escolas. “O caderno ensina como fazer um projeto político-pedagógico a ser assumido pela escola como um todo sobre esse enfrentamento da violência homofóbica”, conta Maria Helena. Escritos em linguagem jovem e acessível, os boletins seriam distribuídos entre os estudantes e também tratam da temática da diversidade sexual, com jogos, depoimentos e sugestões de filmes.
Entretanto, o objeto de maior polêmica é a parte audiovisual do kit, que inclui três pequenos vídeos produzidos especialmente pela ONG Ecos, que trabalha com o tema desde 1989. Produzidos com diferentes estéticas – teledramaturgia tradicional, animação de fotos e desenhos – os vídeos abordam de forma coloquial temas específicos como lesbianidade, transexualidade e bissexualidade. “São temas muito estigmatizados e pouco compreendidos”, explica Vera Lúcia Simonetti Racy, uma das coordenadoras da criação do kit do material educativo.
Criado por uma equipe multidisciplinar, o kit completo levou cerca de dois anos para ser pesquisado, construído e validado. Apenas o roteiro de um dos filmes, sobre o namoro de duas meninas, demorou oito meses para ser aprovado.
Ousada e polêmica, a proposta do material educativo atende a uma demanda das entidades que lutam pelos direitos LGBTs e também dos educadores – que não encontravam subsídios para trabalhar o tema em aula – além de estar articulada com políticas públicas de combate à homofobia de maneira geral. “O que a gente quer é que o professor esteja atento a essa situação de homofobia. A escola precisa ser um espaço de respeito e de formação cidadã.”, conclui Carlos Laudari, presidente da ONG Pathfinder.
Preconceito velado
Realizada em Manaus, Porto Velho, Recife, Natal, Goiânia, Cuiabá, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba, a pesquisa da Reprolatina procurou investigar qual era o conhecimento e a atitude prática de educadores e alunos a respeito da homofobia nas escolas. Foram entrevistadas 1,4 mil pessoas, desde secretários da Educação até pessoas que fazem parte do cotidiano da escola, como merendeiras e porteiros, passando por diretores, coordenadores, professores e estudantes.
Foi detectado um ambiente altamente homofóbico – resultado semelhante em todas as cidades – uma realidade, porém, em geral negada pela comunidade escolar. Segundo Margarita Díaz, quando perguntados sobre a existência de homofobia na escola, a resposta dos participantes da pesquisa era quase sempre negativa. Entretanto, quando se começava a discutir sobre o que acontecia quando havia a presença de um menino gay ou uma menina lésbica na escola, os relatos mostravam muitas piadas e atitudes potencialmente ofensivas. Tais reações não eram catalogadas como homofobia. “Elas são enxergadas como brincadeiras. Na verdade, essa ‘brincadeira’ é, sim, uma reação homofóbica, mas ela está muito naturalizada”, explica Margarita.
A ausência de aulas sobre educação sexual que contemplem a diversidade também é apontada como um dos fatores que contribuem para a permanência da homofobia nas escolas. Segundo especialistas, a educação sexual disponível para a maioria dos estudantes é essencialmente heteronormativa, ou seja, reproduz um modelo que coloca a heterossexualidade como norma, o que acaba classificando outras manifestações de gênero, amor e sexualidade como desvios. “É uma educação sexual baseada no senso comum da sociedade, e não uma educação sexual antenada com as políticas públicas”, conta Margarita Díaz. Outro ponto percebido durante a pesquisa era o desconhecimento pelos educadores da existência de políticas públicas voltadas ao combate da homofobia.
Evasão escolar
Além de casos de violência física, uma forma quase invísivel de violência nas escolas – que inclui o isolamento, rejeição, brincadeirinhas e piadas – também costuma marcar os jovens homossexuais para a vida toda. “Especialmente na adolescência, a gente quer se enturmar. Quando você é rejeitado pelos seus pares, é um sofrimento horrível”, conta a terapeuta especializada em diversidade sexual e questões de gênero, Edith Modesto, que também é fundadora do Grupo de Pais de Homossexuais (GPH) e do Projeto Purpurina, que atende jovens de 14 a 24 anos. “Eles falam da escola com muita mágoa, lembram da discriminação, do desprezo e da rejeição.”
O quadro é ainda mais grave quando se analisa a situação de estudantes transexuais e travestis. Segundo especialistas, não há espaço para eles na escola. Além de o preconceito ser maior, questões como o uso do nome social na chamada ou até mesmo situações prosaicas como qual banheiro o jovem travesti deve usar pesam e acabam contribuindo para o abandono da escola. “Existe uma porcentagem dos nossos jovens que está sendo socialmente discriminada e forçada a assumir um papel sexual que não é dela”, lamenta Carlos Laudari. “A gente pretende que a escola seja uma escola cidadã, em que o aluno brasileiro aprenda a viver com a diferença.”
“Outro aspecto importante da necessidade de esse tema estar na escola é que certos jovens acabam saindo, porque o sofrimento é tão grande e o ambiente é tão agressivo que a criança ou o adolescente acaba desistindo de estudar. Os índices de evasão escolar são significativos para essa população”, explica Vera Lúcia. Segundo ela, o papel mais importante do kit anti-homofobia é informar e contribuir para erradicar a violência e o preconceito. “Na medida em que você trabalha esse tema na escola e consegue criar uma convivência melhor e mais respeitosa, isso acaba se refletindo nas relações sociais como um todo.”

Tory Oliveira

Revista Carta na Escola

quinta-feira, 3 de março de 2011

Pesquisa encontra vírus HPV em 50% dos homens

A metade dos homens saudáveis está infectada com HPV, indica um dos maiores estudos já feitos sobre a incidência da doença no sexo masculino. Os resultados são publicados nesta terça-feira no "Lancet".
O HPV (papiloma vírus humano) é transmitido por relações sexuais na maioria das vezes, e pode causar lesões na pele e nas mucosas.
A pesquisa acompanhou por quatro anos 4.074 homens de 18 a 70 anos do Brasil, dos EUA e do México.
Eles tiveram amostras recolhidas do pênis e do escroto submetidas a análise. Dos 50% com HPV, 30% tinham o vírus que pode levar a câncer, 38% tinham o não cancerígeno, e o restante tinha mais de um tipo de HPV.
Há mais de cem tipos de HPV, mas a maioria é inofensiva e assintomática.
As altas taxas de contaminação nos homens, superiores às das mulheres, surpreendem. Na população feminina, mais associada ao HPV, a taxa média de contaminação é de 14%, compara a pesquisadora Luisa Villa, do Instituto Ludwig, responsável pelo estudo no Brasil.
"Antes, acreditava-se que os homens tinham menos HPV, que as infecções ocorriam em menor proporção. Mas eles também têm infecções, e em taxas mais elevadas do que as mulheres."
Apenas recentemente é que começou a se estudar sobre o HPV no homem. Um dos motivos para isso é que, nas mulheres, as consequências das contaminações são mais graves, como o câncer de colo de útero -segundo tumor mais frequente, depois do de câncer de mama.
"Os homens foram deixados de lado. São o vetor do vírus, mas as mulheres têm mais doenças por causa dele", diz Glauco Baiocchi Neto, diretor de ginecologia oncológica do A.C. Camargo.
O risco aumenta com o número elevado de parceiras e com a prática de sexo anal.
As chances de ter HPV que pode evoluir para um câncer aumentaram 2,4 vezes em homens que tinham tido mais de 50 parceiras, e 2,6 vezes em homens com pelo menos três parceiros.
MAIS IMUNIDADE
Outra novidade da pesquisa é que, entre os homens, o risco de adquirir o vírus é constante, dos 18 a 70 anos. Entre as mulheres, o risco é maior até os 25 anos e tende a diminuir com o tempo.
Segundo o estudo, ainda não se sabe o porquê dessa diferença, mas há hipóteses.
Uma é que o número de parceiras sexuais do homem é constante por toda a vida, o que faz com que aumente sua exposição. Por outro lado, essa maior exposição poderia criar uma resposta imune que os protege de outras infecções subsequentes.
PREVENÇÃO
O estudo frisa a importância da vacinação contra HPV em homens de todas as idades, como prevenção.
Estudo recente publicado no "New England" e feito em mais de 18 países, incluindo o Brasil, mostrou que a vacina contra o HPV pode ser eficaz também em homens.
Mas sua aplicação em homens só foi aprovada em alguns países, como EUA, Panamá, Equador e Austrália.
O Brasil usa dois tipos de vacina contra o HPV, só em mulheres. São encontradas em clínicas particulares e indicadas a meninas e mulheres entre nove e 26 anos, mas não excluem a necessidade do Papanicolaou para prevenção do câncer.
Camisinha reduz o risco, mas, diz o urologista Alvaro Sarkis, não protege 100%.
Para Jorge Hallak, professor de urologia da USP, a melhor prevenção é a circuncisão, que diminui em mais de 70% as chances de contágio.
MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO
Folha de São Paulo

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Anticoncepcionais: não dá para evitar Em algum momento da vida, toda mulher terá de usar um contraceptivo. Conheça os mais indicados para cada fase


No princípio, era a tabelinha. A mulher não dispunha de outro artifício para evitar uma gravidez fora de hora. Por isso, os filhos se enfileiravam formando uma escadinha. No início da década de 1960 veio a redenção: foi inventada a pílula anticoncepcional e a mulher passou a ser dona de seus óvulos. Já havia a camisinha, claro, mas seu uso dependia mais do homem que da mulher. E a utilização desse contraceptivo só se popularizou mesmo na década de 1980 como uma forma de proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis, principalmente contra o vírus HIV. Nesses últimos anos, várias pílulas novas surgiram e novos métodos se somaram a ela: DIU, diafragma, adesivos, injeções, etc.
Hoje, o casal bem informado escolhe quantos filhos quer ter e quando, causando uma inversão total no quadro: com os métodos disponíveis, mulheres adiam tanto a maternidade que, quando decidem que finalmente querem um filho, não conseguem engravidar. Na década de 1960, cada mulher tinha cerca de seis filhos e, em 2009, segundo a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a taxa caiu para 1,9. É bom ser dona do destino e definir a hora de ser mãe, mas para não comprometer a saúde, é preciso escolher o método certo. "Deve-se levar em conta a idade da mulher, as doenças associadas e seu modo de vida", diz a ginecologista Rosa Maria Neme, diretora do Centro de Endometriose de São Paulo.
E isso não se faz sozinha. Escolher o contraceptivo por conta própria implica em grande risco. "É preciso saber como fazer a transição de um método para outro, ou pode acontecer uma gravidez indesejada", diz Rosa. Além disso, somente um especialista é capaz de dizer qual é o mais indicado e identificar os efeitos colaterais. Os contraceptivos devem ser considerados medicamentos, e a automedicação nunca é recomendada. Veja a seguir as melhores opções para cada fase da vida.
No dia seguinte: entenda o que faz a pílula
A pílula do dia seguinte ainda causa alguma polêmica porque muitos a consideram abortiva. Mas, na verdade, ela age antes que a gravidez ocorra. Tomada até 72 horas depois da relação sexual, ela provoca uma descamação na parede do útero que impede a fixação de um possível óvulo fecundado. Mas se não for tomada dentro desse período, pode não fazer efeito.
O medicamento só deve ser comprado com receita médica e os efeitos colaterais costumam ser acentuados, como náuseas e dores de cabeça fortes. Por isso, deve ser usada apenas como uma forma de contracepção de emergência. Além disso, sua eficiência pode ser menor do que a pílula convencional, que é de 99%. Se tomada até 24 horas, a chance de engravidar é de 1%, mas sobe para 5% em 72 horas.
Não escolha o anticoncepcional por conta própria. Lembre-se de que ele é um medicamento e a automedicação nunca é recomendada
Na adolescência
Não existe idade mínima recomendada para a utilização de pílulas, embora alguns estudos contraindiquem seu uso na adolescência por aumentar o risco de câncer de mama no futuro. Mas isso não está absolutamente comprovado. E a necessidade de evitar uma gravidez indesejada costuma compensar os riscos.
A pílula é a mais apropriada, mas o médico deve definir qual, dentre as disponíveis no mercado, é mais indicada para o perfil clínico.
Além da contracepção, a pílula melhora a pele e reduz as cólicas, o sangramento e os sintomas de TPM. "Nessa fase é indicado que a pílula seja acompanhada por um método de barreira, ou seja, a camisinha. Isso melhora a eficácia da contracepção e protege da contaminação por DSTs, como sífilis, gonorreia, HIV e HPV", diz o ginecologista e obstetra Afonso Nazário, chefe do departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Para quem não tem parceiro fixo
"Uma boa escolha é associar mais de um método de barreira, como o diafragma e a camisinha", diz Nazário. Com o diafragma não há uso de hormônios que, para algumas mulheres, provocam efeitos colaterais como inchaço e dores de cabeça.
A camisinha concede proteção contra as DSTs. E os dois métodos associados, se usados corretamente, garantem uma eficácia de 100% contra a gravidez.


Quem está no início de carreira e quer evitar filhos de qualquer forma
"Tanto anticoncepcionais hormonais (pílula e suas variações) quanto o DIU são altamente eficazes e seguros", garante Nazário. No caso de quem tem parceiro fixo, não portador de DSTs, o uso de camisinha pode ser dispensado.
A pílula masculina
O anticoncepcional masculino já foi aprovado, mas ainda são necessários mais testes antes que ele chegue ao mercado. Um dos efeitos colaterais que precisa ser superado é a diminuição do desejo sexual e a variação do humor. Seu princípio de funcionamento é bloquear a maioria dos espermatozoides.
Enquanto a pílula masculina não chega, há sempre novidades para as mulheres. Recentemente foi lançada pela Bayer Schering uma versão que combina estrogênio natural e progesterona e é especialmente benéfica para as fumantes, que devem evitar o estrogênio sintético, e para mulheres muito sensíveis, que apresentam fortes efeitos colaterais.
Quem quer ter filho logo
Pode ser qualquer um deles, até mesmo a pílula. "Existe um mito de que o uso da pílula por longos períodos compromete a fertilidade da mulher, mas isso não é verdade. Assim que a mulher para com a pílula volta a ter ciclos ovulatórios e pode engravidar", diz Marcello Valle, ginecologista especializado em reprodução humana, da Clínica Origem (RJ). O que dificulta a gravidez é o avançar da idade.
Se a mulher tomar pílula por 15 anos - digamos, dos 20 aos 35 - poderá não engravidar porque sua taxa de fecundidade diminuiu, não por causa da pílula. Mesmo com tudo ok com a fertilidade, é aconselhável que a mulher evite engravidar por três meses depois da suspensão da pílula. "Embora exista a possibilidade de gravidez imediata, pode haver um pequeno risco de abortamento porque o endométrio (mucosa interna do útero) pode ainda não ter voltado ao normal para receber o óvulo fecundado", diz Nazário.
Quem já teve filho e não quer engravidar novamente
"Existem pílulas específicas para serem usadas durante a amamentação, com dosagem menor, e que não fazem mal ao bebê", diz Valle. Enquanto amamenta, a chance de a mulher engravidar é pequena, mas não pode ser desprezada. "Depois de passada essa fase, a mulher pode retomar o método que usava antes da gravidez", completa Valle. Mas com um ou mais filhos pequenos, e tantas tarefas na cabeça, a mulher muitas vezes pode se esquecer de tomar a pílula. "Por isso, muitas vezes costumo indicar o DIU, implantes ou métodos injetáveis", diz Nazário.
Mulheres no climatério
"As pílulas de baixa dosagem são uma boa opção para mulheres que já apresentam sintomas do climatério, mas ainda menstruam e, portanto, têm chance de engravidar. Após a menopausa - ou seja, a parada total da menstruação - não há mais necessidade do uso de anticoncepcional", diz Valle. "Mas nessa fase é especialmente importante que as fumantes evitem os anticoncepcionais com estrógeno sintético", lembra Nazário. A associação desse hormônio com cigarro aumenta a chance de trombose e pode ser especialmente nociva no climatério, quando o organismo começa a perder a proteção dos hormônios femininos.
Fotos: Fabio Mangabeira (Escala Imagens) / Shutterstock
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domingo, 28 de novembro de 2010

Brasil vai produzir Ritonavir

Medicamento, que não necessita refrigeração, será fabricado em parceria com oito países, sendo que Brasil fará a síntese. Intenção é garantir acesso universal

Conteúdo extra: Galeria de fotos
Pela primeira vez, uma cooperação entre oito países vai permitir a produção de uma formulação mais moderna pra Aids: o ritonavir termoestável (resistente ao calor). A parceria para produção do remédio ocorre entre Brasil, Argentina, Cuba, China, Ucrânia, Rússia, Tailândia e Kênia, desde 2004.
O princípio ativo veio da China, sendo que o Governo Brasileiro por meio de Farmanguinhos, fará a síntese do medicamento e a transferência de tecnologia para os demais. Por enquanto, o Brasil ainda precisa realizar os testes clínicos e pré-clinicos para ver como o organismo reage ao princípio ativo. Essa etapa ainda não tem previsão para ser finalizada.
“O governo Lula incorporou essas cooperações com países em desenvolvimento como uma prioridade política. Essa é uma via de mão dupla, onde todos saem ganhando”, explica o diretor do departamento, Dirceu Grecco.
Com a ampliação da cooperação internacional a idéia é fomentar o acesso universal em várias regiões do mundo. Os países participantes não podem cobrar um preço mais caro do medicamento que outros, a intenção é baratear a produção e tornar a rede multiplicadores da tecnologia.
Em alguns países, a cooperação se dá com entidades públicas e naqueles que não têm laboratórios públicos com o aparato tecnológico tão moderno, a parceria será com laboratórios privados.
O ritonavir comum já é oferecido pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais ao paciente com resistência aos antirretrovirais comuns e o consumo corresponde a 2% do orçamento, são cerca de 38.650 pacientes que recebem o medicamento. A molécula termoestável - um polimorfo do primeiro – tem a vantagem de não necessitar de refrigeração. O ritonavir termoestável é produzido por um processo de extrusão, que oferece estabilidade ao medicamento.
Além de ser reconhecida internacionalmente, a política de aids também trabalha com a doação de medicamentos, uma forma de ajuda humanitária. Em 2009 foram doados tratamentos para mais de 6 mil pessoas. Todas as doações são de remédios produzidos no país por laboratórios oficiais e que não interferem na continuidade de tratamento dos pacientes brasileiros.
Mais do que os medicamentos, o Brasil oferece também capacitações, o consenso – documento com as diretrizes para fornecimento de antirretrovirais - para que os países possam basear suas decisões e a logística de distribuição.
O governo brasileiro também está montando uma fábrica de produção de antirretrovirais em Moçambique.
Todas estas decisões fazem da política de aids um modelo para os países em desenvolvimento. Mostra que o país, tem soberania, para decidir tanto em termos de saúde, como em níveis econômicos, quando faz um licenciamento compulsório do Efavirenz ou quando consegue reduzir preços dos medicamentos
Países que receberam doações (unidade – tratamento) em 2009:
  • São Tomé e Principé - 40
  • Cabo Verde - 220
  • Burkina Fasso - 200
  • Nicarágua - 200
  • Guiné Bissau - 3.000
  • Timor Leste - 25
  • Caricon - 432
  • Bolívia - 400
  • Paraguai - 1.704
http://www.aids.gov.br

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Concurso premia histórias de jovens que vivem com o vírus HIV


Jovens que vivem com o HIV estão convidados a compartilhar suas histórias e revelar um novo olhar sobre a epidemia, por meio da literatura. A proposta é o tema da segunda edição do concurso “Vidas em Crônica”, promovido pelo Ministério da Saúde. Serão premiadas as melhores histórias contadas por pessoas que vivem ou convivem com HIV.
A novidade desta edição é que os relatos serão narrados exclusivamente por jovens. As inscrições já estão abertas e se estendem até o dia 20 de setembro, por meio do site www.aids.gov.br/vidas.
“O jovem pode expressar, a partir da sua própria história, uma outra realidade. Isso servirá também para nós, gestores, podermos pensar nas políticas públicas focadas na maneira como eles estão vivendo”, explica Eduardo Barbosa, diretor adjunto do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
O Vidas em Crônica terá duas categorias: uma para quem vive e outra para quem convive com o HIV/aids. As 10 histórias finalistas serão adaptadas por um escritor e publicadas em uma revista especializada. Os dois primeiros colocados de cada grupo ganharão um computador. Os outros seis melhores trabalhos receberão menção honrosa e serão convidados para a cerimônia de entrega do prêmio, em evento promovido pelo Ministério da Saúde.
Podem participar jovens de 15 a 30 anos de idade – no caso dos menores de 18 anos, há necessidade de autorização dos responsáveis. Cada relato deve ter, no máximo, 3 mil caracteres, incluindo espaço. No ato da divulgação dos textos será preservado o sigilo dos autores, desde que solicitado. Entre os critérios de seleção serão avaliados a adequação ao tema, o respeito aos direitos humanos e a criatividade. A data provável de divulgação dos resultados é 8 de outubro.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Gel microbicida que reduz contágio do HIV desperta grandes expectativas em Viena

As reações foram entusiastas nesta terça-feira, em Viena, ao anúncio dos resultados de um estudo sobre um gel vaginal microbicida contendo um antirretroviral capaz de acarretar uma redução de até 54% no risco de infecção pelo vírus HIV entre as mulheres.
Bem utilizado, o gel poderá reduzir pela metade o risco, segundo pesquisa realizada junto de mais de 800 mulheres na África e tornada pública durante a Conferência internacional sobre a Aids.
Os microbicidas são produtos que podem ser aplicados na vagina ou no reto, mas o estudo em questão especifica, apenas, a utilização vaginal.
Os participantes da sessão plenária aplaudiram o anúncio, na manhã desta terça-feira, a ponto de a conferência a ser dada pelos autores do estudo ter sido deslocada para um salão maior, agora à tarde, devido ao interesse suscitado.
As preocupações com o financiamento da pesquisa, da prevenção e do tratamento da Aids parecem ter sido esquecidas no imenso auditório que acolhe até sexta-feira entre 20.000 e 25.000 pessoas.
O estudo, publicado no jornal Science, demonstra um efeito considerado notável do do gel vaginal no qual foi incluído um antirretroviral bem conhecido, o Tenofovir, a 1%.
Quando convenientemente utilizado, isto é uma vez 12h antes de uma relação sexual e uma vez 12h depois, em todas as relações, reduz em 54% os riscos de contaminação.
O estudo, intitulado Caprisa 4, foi realizado durante três anos junto a mais de 800 mulheres zulus (que não haviam desenvolvido a doença) de Natal, a região da África do Sul "onde a prevalência de soropositivos é a mais elevada no mundo", segundo o professor-doutor Jean-François Delfraissy, diretor da Agência Nacional de Pesquisas sobre Aids (ANRS).
Lá, a circuncisão é rara (5% dos homens) e a contaminação é de 50% entre as mulheres de mais de 24 anos. Entre os parceiros do grupo estudado, o uso do preservativo era inferior a 20%.
As mulheres africanas representam 60% do total da contaminação no continente e o novo gel contribuirá para que decidam o próprio destino, sem depender da vontade incerta do parceiro.
"Damos esperança às mulheres. Pela primeira vez vemos resultados sobre um teste de prevenção iniciado e controlado por mulheres. Se for confirmado, um microbicida pode ser uma opção poderosa para a revolução da prevenção e nos ajudará a quebrar a trajetória da doença da Aids", disse em comunicado Michel Sidibé, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para HIV e Aids (Unaids).
"Este estudo marca uma etapa significativa tanto para a comunidade de pesquisa em microbicidas como para toda a prevenção da Aids. Como as mulheres constituem a maioria das novas infecções no mundo, essa descoberta é um passo importante para que uma população de risco tenha acesso a uma ferramenta de prevenção segura e eficaz. Mas como uma só forma (de prevenção) não é apropriada nem aceitável para todos, devemos continuar investigando toda uma série de meios, incluindo os microbicidas, os PrEP (antirretrovirais tomados antes da exposição, NDLR), as vacinas", disse, por sua vez, Anthony Fauci, diretor do Instituto de Doenças Infecciosas do National Institutes of Health americano.
Inúmeras questões são levantadas, no entanto, especialmente sobre a necessidade de dar prosseguimento ao estudo em escala maior.
Por Christine Courcol
Em Viena, Áustria
UOL - Ciência e Saúde

sábado, 19 de junho de 2010

HQ sobre Aids, gravidez e homossexualidade será distribuído em escolas públicas

Ilustradas por desenhistas da Marvel, as HQs serão distribuídas em escolas públicas 
Uso de camisinha, preconceito contra homossexuais, uso de álcool e drogas e prevenção da gravidez são temas de uma série de HQs ilustradas por desenhistas da Marvel que serão distribuídas em escolas públicas que fazem parte do programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE).
O lançamento ocorreu nesta terça-feira (15), com a presença do ministro da Saúde José Gomes Temporão e o representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny.
Desenhistas renomados como o brasileiro Eddy Barrows, atual desenhista do Superman (DC Comics), ilustraram as revistinhas. Eddy já emprestou os traços para Lanterna Verde e Spawn. Ilustrações de Júlia Bax, Edh Muller e Yure Garfunkel também podem ser vistas nas HQs.
Um guia para utilização em sala de aula pelo professor e um CD-ROM complementar – com jogos, perfil dos ilustradores, wallpapers e idéias de aplicação do material em sala de aula – vão auxiliar nos debates.
Criado em 2003, o SPE é uma iniciativa dos ministérios da Saúde e da Educação, com a parceria da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
O programa tem como objetivo desenvolver estratégias para redução das vulnerabilidades de adolescentes e jovens por meio de atividades de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis (DST) e da infecção pelo HIV. O programa envolve a participação de adolescentes e jovens (de 13 a 24 anos), professores, diretores de escolas, pais de alunos e gestores municipais e estaduais de saúde e educação.
Atualmente, o SPE tem grupos de trabalho integrados entre saúde e educação em aproximadamente 600 municípios.

Fonte: Uol Ciência e Saúde








domingo, 2 de maio de 2010

Dúvidas das meninas sobre a primeira vez

1- É verdade que a menina não corre risco de engravidar na primeira vez?
Corre risco, sim. A idéia de que o hímen na primeira transa protege contra a gravidez é uma grande bobagem. A menina precisa se proteger da mesma forma, usando um método anticoncepcional.

2- Posso pegar Aids na primeira vez?
Lógico que sim. Por isso a camisinha é o passaporte para uma vida sexual mais feliz, tranquila e segura.

3- Camisinha atrapalha e incomoda mais na primeira transa?
Não! A camisinha é a sua garantia de proteção contra DSTs, Aids e gravidez indesejada. Ela não atrapalha nada na primeira vez. O hímen é rompido da mesma forma, e a garota fica mais tranquila.

4- Vou ter sangramento na primeira vez?
A maioria das meninas tem um pequeno sangramento na primeira transa. Esse sangramento é provocado pelo rompimento do hímen (pele bem fininha que fica logo na entrada da vagina). Mas nem toda menina sangra. Isso acontece porque o hímen pode se romper de uma forma que não haja ruptura de vasinhos de sangue ou porque alguns tipos de hímen não se rompem nas primeiras transas.

5- E se o hímen não romper? O que acontece?
Não acontece nada. Algumas meninas têm o que chamamos de hímen complacente (mais elástico e resistente, que não se rompe com facilidade). Ele continuará lá, na entrada da vagina, e pode se romper no futuro.

6- Se eu não sangrar, meu namorado vai acreditar que eu sou virgem?
Muitos garotos sabem que nem toda garota tem sangramento da primeira vez. Se ele não acreditar, você explica a ele o que a gente escreveu aí em cima. Se, mesmo assim, ele continuar duvidando, você pode dar uma boa bronca nele, porque ele está pisando na bola. Por que será que os garotos ainda encanam tanto com essa história de virgindade?

7- É verdade que dói muito?
Não. Essa história de dor insuportável é exagero. A primeira vez e o rompimento do hímen provocam algum grau de desconforto e de dor. Mas não é nada do outro mundo, pelo menos para a maioria das meninas. Quanto mais tensa e insegura a menina estiver, maior será a dor. A tensão prejudica a dilatação e a lubrificação da vagina. Por isso, se bater muita ansiedade, que tal adiar um pouquinho o primeiro encontro?

8- Vou sentir prazer já na primeira vez?
Algumas meninas sentem prazer, sim, desde a primeira vez. Outras estão tão tensas e ansiosas que têm dificuldade de sentir prazer na transa. Se isso acontecer, não encane. Sexo é um longo aprendizado, e a gente melhora com a prática, com o tempo e com a intimidade.

9- A primeira transa muda o corpo, fazendo com que a menina fique com mais cintura?
Bobagem! A vida sexual não muda o corpo feminino. O corpo pode mudar pelas alterações hormonais que acontecem com a garota que está se desenvolvendo, não por causa da transa.

10- Devo ir ao médico antes ou depois da primeira vez?
Procure seu médico antes da primeira vez. Pergunte ao ginecologista tudo o que você quer saber. Discuta suas dúvidas. Garanta sua privacidade e uma linha direta de contato com seu médico. Isso é fundamental para a comunicação entre vocês. A mamãe fica na sala, do lado de fora, combinado? Escolha com o médico o melhor método anticoncepcional para você.

11- Como dizer para ele que quero ter a primeira vez?
Bater papo sobre sexo com seu namorado é fundamental. Se você acha que chegou a hora, qual o problema de dizer isso a ele? Ele não vai achar você vulgar por causa disso. Aliás, os garotos curtem cada vez mais a mulher que fala o que quer e que diz o que sente.

12- Não consigo transar. Fico totalmente fechada. O que acontece comigo?
Algumas meninas ficam tão nervosas e ansiosas que acabam tendo uma contração muscular muito intensa na região da vagina. Existe até nome para isso: vaginismo! Nessa situação, é muito difícil acontecer penetração, e ela pode ser bastante dolorosa. Muita calma nessa hora. Não adianta forçar. Espere um momento mais adequado. Se isso voltar a acontecer, procure a ajuda de um especialista, por exemplo, um terapeuta.

13- A menina pode perder a virgindade com os dedos?
Não é o mais comum, mas ela até pode perder a virgindade (ter o hímen rompido) com os dedos. Se ela ou o namorado introduzirem os dedos dentro da vagina, de uma maneira um pouco mais afoita, esse risco existirá, sim.

14- Perder a virgindade é igual a ter o hímen rompido?
Muita gente acha que sim, que a perda virgindade é o rompimento do hímen. Outras pessoas acham que perda da virgindade tem a ver com o início de uma vida sexual mais íntima com outra pessoa (brincadeiras, preliminares, sexo oral, sexo anal etc.). E, nesse caso, o rompimento do hímen seria apenas mais uma etapa. Será que essa segunda teoria não está mais adequada ao que rola hoje em dia?

15- Dá para usar camisinha feminina da primeira vez?
Até dá, mas é mais complicado. Os especialistas preferem que a garota inicie sua vida sexual com a camisinha masculina. E, aí sim, se preferir, poderá passar a usar a camisinha feminina.

16- Duas garotas que vão ter a primeira vez uma com a outra precisam de algum cuidado?
Precisam, sim, ter alguns cuidados básicos: sexo oral deve ser feito com proteção (camisinha cortada ou filme plástico na entrada da vagina), e objetos de uso íntimo (como vibradores) não devem ser compartilhados sem que estejam devidamente lavados, secos e limpos, certo? O ideal é que cada uma use o seu.
Fonte: Folha de São Paulo

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Estudo sobre trabalho doméstico recebe menção honrosa no Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero

Nas últimas décadas ocorreram profundas mudanças em relação às mulheres. Elas conquistaram direitos, liberdade sexual e continuam a buscar cada vez mais espaço no mercado de trabalho. O novo cenário gerou impacto na estrutura social em diversas áreas, mas uma questão parece ter parado no tempo: a ocupação doméstica. Este foi o tema do artigo ´Por que o trabalho doméstico não é considerado trabalho?`, de Soraia Carolina de Mello, pesquisadora do Laboratório de Estudos de Gênero e História (LEGH), ligado ao Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC. O objeto de estudo – o feminismo da chamada segunda onda feminista, mais especificamente do Cone Sul – é analisado através de quatro revistas: as argentinas Brujas (a partir de 1983) e Persona (a partir de 1974), e as brasileiras Brasil Mulher (1975-85) e Nós Mulheres (1976-78). Soraia afirma que é difícil avaliar porque o trabalho doméstico não evoluiu, mesmo sendo discutido desde a década de 70.

“Ao mesmo tempo em que podemos acompanhar grandes mudanças no que se refere aos comportamentos tradicionais, podemos ver também, com o passar dos anos, como alguns comportamentos se mantêm, ou se reinventam. O trabalho doméstico é provavelmente um dos campos onde as desigualdades de gênero são mais marcadas, e talvez por isso as dificuldades em modificar a situação”, acredita.

O artigo também trata da falta de valor dessa atividade. A revista Persona afirma que essa desvalorização é decorrente do fato de não resultar em algo que se venda ou se compre, que gere dinheiro. “Na década de 1970 havia uma tendência geral em tentar compreender as sociedades a partir de preceitos econômicos, e essa tendência, aliada a teorias marxistas que circulavam entre os grupos feministas, nos ajuda a entender a tentativa de se explicar a submissão do trabalho doméstico e das mulheres como uma subordinação econômica”, afirma Soraia.

A autora também discute o comportamento “natural”, a aptidão “nata” das mulheres para exercerem cargos domésticos. “A ocupação doméstica não é vista como trabalho, por mais cansativa e por mais tempo que tome, porque sua jornada não tem fim. Mesmo feministas engajadas na luta pela igualdade acabam assumindo para si as obrigações domésticas”, lembra a pesquisadora. Soraia acredita que esta “lógica do dom” é uma construção sócio-cultural. “O esforço dos feminismos que observo em minha pesquisa é exatamente apresentar essa construção para desnaturalizar as funções domésticas femininas, buscando a divisão de trabalho nos lares e sua valorização”.

A autora acredita que o trabalho doméstico terá seu valor reconhecido, mas para isso acontecer são necessárias transformações sociais e culturais na imagem tradicional do que é ser mulher, nas relações de gênero, nos costumes nos lares. É também preciso políticas públicas de apoio à socialização do trabalho doméstico e uma legislação que realmente possibilite iguais oportunidades a homens e mulheres.

O artigo premiado é resultado de sua pesquisa de mestrado no Programa de Pós Graduação em História e recebeu menção honrosa na 5ª edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero. O concurso nacional promovido pelo CNPq em parceria com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres premia redações e artigos científicos que abordam as temáticas de relações de gênero, mulheres e feminismo.

“É sempre importante ter seu trabalho reconhecido, ainda mais quando ele traz questões políticas que você considera relevantes. Também acho importante pelo fato de dar visibilidade ao grupo de pesquisa do qual faço parte, o qual realiza um trabalho realmente grande e cuidadoso”, comemora Soraia.

Mais informações pelo e-mail ufsc.legh@gmail.com / 3721-9606

Por Fernanda Burigo / Bolsista de Jornalismo na Agecom 

Fonte: http://www.ufsc.br/

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O amor em tempos de HPV



Produção do Núcleo de Divulgação do Programa de Oncobiologia (vinculado ao Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ) para prevenção dos tipos de câncer relacionados ao HPV (Vírus do Papiloma Humano). A animação foi feita com a técnica de Stop-motion em massinha. Mais informações no site www.oncobiologia.bioqmed.ufrj

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Conae: Livros didáticos e escolas terão de incluir temática LGBT

Simone Harnik
Em Brasília
Os temas sobre orientação sexual e homossexualidade terão de aparecer nos livros didáticos e nas salas de aula. Pelo menos, foi essa a decisão da Conae (Conferência Nacional de Educação), que acontece em Brasília até amanhã (1º).

Segundo o presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), Toni Reis, o movimento LGBT está satisfeito com a conferência. “Saímos vitoriosos. Se o país cumprir o que foi aprovado, a homofobia na escola está com os dias contados”, afirma.
A Conae pretende traçar diretrizes para a educação do país, que podem ser incorporadas no Plano Nacional de Educação. É este plano que define o que será prioridade no ensino brasileiro nos próximos dez anos.

Além da presença nos livros escolares, a temática LGBT deverá ser ensinada nas faculdades e cursos de formação de professores. Além disso, de acordo com Reis, a conferência definiu que o livro didático não poderá ter conteúdos que discriminam homossexuais. “É o fim das piadas sobre gays nos livros”, diz.
Propostas LGBT na conferência

O movimento LGBT levantou três propostas na Conae: o fim da homofobia na escola; que travestis possam usar o nome feminino nas salas de aula; e que a discriminação a homossexuais seja considerada crime no Brasil. “Hoje temos uma preocupação especial com a situação das travestis, que são as que sofrem mais discriminação na escola”, acrescenta.

Segundo Reis, entidades nacionais apoiaram os projetos, entre elas a CUT (Central Única dos Trabalhadores), a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) e a Fasubra (Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras).

Agora a ABGLT pretende utilizar a decisão da Conae como uma referência para pressionar por mudanças. “Queremos avaliar, monitorar, e acompanhar de forma propositiva as políticas públicas”, diz Reis.
Fonte:UOL Educação

sexta-feira, 5 de março de 2010

Mais uma cidade de SC quer proibir "pulseiras do sexo" em escolas

O prefeito de Itajaí (SC), Jandir Bellini (PP), afirmou na quinta-feira (4) que vai proibir o uso das pulseiras coloridas conhecidas como "pulseirinhas do sexo" nas escolas da rede municipal. A afirmação aconteceu dois dias depois da cidade de Navegantes (SC) determinar a proibição do acessório.

Navegantes (SC) proíbe uso de "pulseiras do sexo" em escolas
Crianças usam pulseira, mas sem significado sexual
Crianças ignoram significado adulto de "pulseiras do sexo"
Divulgação
Prefeito de Itajaí (SC) também quer proibir "pulseirinhas do sexo" nas escolas
Prefeito de Itajaí (SC) também quer proibir "pulseirinhas do sexo" nas escolas

Os adereços coloridos fazem parte de um jogo que começou na Inglaterra e chegou ao Brasil pela internet. A pessoa que tem sua pulseira arrebentada precisa cumprir a tarefa da cor correspondente. A brincadeira pode ir de um simples abraço à relação sexual de fato.

Segundo informações da Prefeitura de Itajaí, o prefeito deve encaminhar para a Câmara nos próximos dias o projeto de lei que proíbe o uso da pulseira, para possível aprovação. Em fevereiro, a Secretaria Municipal de Educação já tinha enviado um alerta aos pais de alunos sobre o assunto, informou a prefeitura.

Na cidade de Navegantes, as crianças e adolescentes estão proibidos de utilizar as pulseiras no ambiente escolar. Além disso, a prefeitura afirmou que serão feitas reuniões com os alunos, pais e responsáveis para alertar sobre o uso dos acessórios.
Fonte: Folha de São Paulo