quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A primeira vez

 Foto: Raul Santana
Quem já não imaginou como seria sua primeira relação sexual? Com certeza quase todo mundo. Diversos estudos vêem procurando analisar esse momento marcante na vida de homens e mulheres. Uma pesquisa* realizada na cidade de São Paulo em 2002, revelou que para a maioria dos jovens entrevistados a iniciação sexual ocorreu de forma inesperada (72,7%) e dentro de casa (86,1%).

Esse “fator supresa” pode acabar sendo um complicador, principalmente para os meninos. Afinal, a chance de a relação sexual acontecer de forma rápida, de qualquer maneira, com quem não se tem uma convivência, é muito mais provável para o menino do que para a menina. Na opinião de Sonia Mano, coautora do multimídia Amor e Sexo do Museu da Vida (COC/Fiocruz), o problema do imprevisto e do descontrole é esquecer-se da prevenção.
“Nesta hora, ninguém quer pensar na possibilidade de uma gravidez ou em doenças. É difícil ter a convicção da necessidade de colocar a camisinha ou mesmo de interromper a relação sexual se não tem o preservativo. Quando a pessoa para um instante para pensar, pode muitas vezes, mudar de idéia”, afirma.
A exposição dos adolescentes a doenças sexualmente transmissíveis (DST’s e Aids) é o principal problema das situações inesperadas. A coordenadora de projetos da Ecos Comunicação em Sexualidade, Thais Gava, diz que nos encontros realizados com os jovens é comum eles relataram que não usaram a camisinha porque não esperavam que fossem ter uma relação sexual. “Outra fala comum é a de que confiavam no(a) parceiro(a). Os jovens não têm na sociedade muitos espaços de diálogos sobre a sexualidade e não são estimulados a experimentar e treinar antes de começar sua vida sexual”, adverte.
Além do sexo
Com sede em São Paulo, a Ecos é uma organização que atua na defesa dos direitos sexuais e reprodutivos, em especial de adolescentes e jovens, na perspectiva de erradicar as discriminações relativas a gênero, orientação sexual, idade, raça/etnia, existência de deficiências e classe social. Conforme explica Thais Gava, um dos trabalhos realizados pela ONG é ampliar a percepção do jovem sobre a sexualidade, mostrando que ela não se restringe apenas ao ato sexual da penetração, mas envolve também o beijo, as carícias, a relação afetiva como um todo. “É importante chamar atenção de que os adolescentes podem experimentar sua sexualidade respeitando seu próprio limite e do(a) outro(a)”, afirma.
Outro dado apontado na pesquisa foi uma diferença significativa no comportamento de meninos e meninas no que diz respeito ao tipo de relacionamento com o(a) parceiro(a). Enquanto para a maioria feminina, o início da vida sexual aconteceu durante o namoro ou noivado (86,2%), os meninos apontaram as amigas (47,7%), pessoas recém-conhecidas (15,1%), trabalhadoras do sexo (1,2%) e “ficantes” (3,4%) como suas primeiras parceiras. A iniciação sexual com um(a) namorado(a) ocorreu com apenas 32,6% dos homens.
Para a realização do estudo, foram entrevistados 406 jovens, sendo 222 (54,7%) do sexo feminino e 184 (45,3%) do sexo masculino, na faixa etária entre 15 e 19 anos. Observou-se que quase a metade dos adolescentes de ambos os sexos já havia iniciado sua vida sexual, em média aos 15 anos de idade.
Má educação sexual
A falta de informação de qualidade sobre as questões que envolvem o início da vida sexual é, para Sonia Mano, um dos maiores desafios a ser enfrentado por pais e educadores. Segundo ela, a televisão e as revistas – além dos amigos, igualmente mal informados – acabam sendo as principais referências dos jovens sobre o assunto. Como resultado disso, várias são as dúvidas apresentadas por eles.
“Uma consequência, por exemplo, é que muitas vezes as meninas ficam dependentes dos parceiros para orientá-las. Por dificuldade de acesso a um posto de saúde ou mesmo vergonha, confiam apenas no que eles dizem. E sem prevenção, se expõem a doenças e a gravidez”.
(Patricia Moreira)

http://www.fiocruz.br/jovem/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=4   (Fiojovem)

 

*Pesquisa Início da vida sexual na adolescência e relações de gênero: um estudo transversal em São Paulo, Ana Luiza Vilela Borges e Néia Schor.
Para saber mais:
Camisinha: treine antes!
Ecos Comunicação em Sexualidade 

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